Como uma loucura tão intensa. A relação que se fazia ao longo dos anos tinha sido marcada por diversas sensações incompreendidas. Nenhuma delas podia advinhar de onde vinha tamanha intensidade. Era um amor inexplicável e que causava medo. Toda a vida construída assim, amor e medo. E claro, não havia a possibilidade da perda e era isso o que causava mais medo: estaria sempre ali. As diferenças um dia tinham servido para aproximá-las, como metades que se contemplam. Uma ternura e a outra guerra. Uma a ingenuidade, a outra a esperteza. Uma o dia, a outra a noite. Depois de um tempo, veio a violência. Não poderiam nunca resgatar quando começou exatamente, mas o que antes era seguro passou a ser traiçoeiro. Chegou a tal ponto de absurdo que a única intenção possível de toque e aproximação era a briga, a agressividade, o desejo de marcar a pele da outra com a força. A única possibilidade de demonstrar amor. Foi o único modo que encontraram de continuar se amando apesar das diferenças. Até o dia que aconteceu. Uma marca tão profunda que as distanciou completamente. Já não podiam evitar, a separação era evidente. O amor que sempre renascia das cinzas, conusmido em ódio e carinho, esse amor que era alimentado pelo laço de sangue que as unia, pereceu por ele. Nunca senti tanta tristeza.