... existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

(Clarice Lispector)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Ocaso

Da varanda da casa
Suspenso da vida
E da cidade
O pôr-do-sol me encerra.

Com os olhos coloridos
Pelas nuvens brancas,
Azuis, laranjas, lilases -
tingidas de tarde
- Observo o movimento.

Vejo o dia se afunilar na avenida
Na direção do sol, oeste
Poente de minhas angústias,
De meus apelos, de minhas dores.

O dia saindo de cena
Pinta o céu
E pelas sombras, na rua
Caminham cansados os transeuntes.

A noite vai pingando as estrelas,
Cada gota é uma lágrima
E o céu da cidade me inunda,
Melancolia.

A lua subindo por detrás das casas,
O tempo repartido em momentos
Acontecendo no horizonte,
A vida entardecendo na cidade amontoada.

Da varanda da casa,
Suspenso da vida,
O tempo parou
Pra ver o sol morrer em mim.


----Escrito da varanda de uma casa muito especial conhecida como 'Rio Som', numa cidade louca do interior de São Paulo, no dia 23/02/06.

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